Canções de vida

Havia um homem
Que colhia ramos da sorte
Atirava-os ao vento
Via-os em voo errante
Pelo mundo

Semeava a paz
Pelos secos campos
E não frutificavam

Eis que habitado de
Presença definitiva
Canta por caminhos
Estreitos e justos

Sobrevoam-lhe as canções
São ramos de vida
E suscitam frutos
Do amor que sente e vê...

Reluz da Mansidão

Tua obra
Sem mensagens
Ocultas
Sem esconder-se
Diante dos olhos
Que perseveram
Diante dos olhos
Sem esconder-se
Ocultas
Cem mensagens
A obra que
vês tu
a obra
que vês
Tu?

Alumiar dos Tempos

Minha alma dança pela rua
entra em tantos lares
por fugaz ternura abraça-nos guia
fugaz poesia, manhã de sol

Minha alma de encanto
tênue, estremecia
vívida luz do dia, semblante
foram-se lembranças do pôr do sol

Minha alma desperta na noite e no dia
acaso a noite que nos vem tardia
desatar da vida os nós do instante
semblante ido que da noite encante

Meu instante em fuga pela noite errante
beira os desenhos da noite e do dia
que se vá da busca repentino encontro
movimento, arrasto, dança inquietante

Almas redopiam, dançam pelas ruas
em tantos lares andam por fugaz ternura
guiam-se fugazes, rio inquietante
escorre doce e livre e delicado instante.

Sempre esteve em nós

Vejo grandes virtudes
Que vivem
Vejo moinhos
Serenos
Caminhos, vidas
Escolhas e poesias sem fim...

Teus Olhos

Percebe os olhos que tens
Tu
Que percebas os olhos
Que tu tens
Percebes que tens
olhos
Os olhos que tens
Percebe dos olhos
o que tens.

Nascimento

Tu me surpreendes, Deus,
Com este vasto amor nascente...
Que governa-me, crescente
Sobre os alicerces meus.

Se tu enxergas, querida
Razão de meus versos simples,
Em minhas palavras vida,
És inspiração sabida.

Entre meus pensares
Vejo-te, querida
Flor de laranjeira

De um rio à beira
Ilumina os mares
De uma vida inteira.

Mudança

Da alma amor deságua
O traduzir da esperança
Beira dos rios da arte eterna
Do coração briga interna
Que invade teus cabelos água
Que o coração já descansa.
Tarde, noite, esperança
Tarde, noite, esperança
Olha como ela dança!

Um dia para descansar e sorrir

Um dia de descanso para o poeta descansar,
Um dia de ti
Para sorrir,
Para sorrir...

Arveio Devanores

Tão mudas árvores.
Não sei se gostais de fixar-me o pensamento
de que vos fazeis inquietas assim.
Vós! Que sois indizíveis figuras radiantes
Verdes, vejais marajás verdosos
Verdeio que ver desanda
Ver a cor que ver deságua
Nuns meios tons verdes-água.
Ver verdade dádiva divã
Devaneio!
Enverdante que ver dantes,
Fora o fim
o fim que se repete
Fim que finque think about it
Versífero de versalhadas!
Pois árvores, ventai apocalípticas, mas não ide agora
Hei de dormir e acordar convosco.

Devaneio

Dize a canção de teus sonhos
Ao meu próximo que teu corpo está
E assim pareço das canções mil
Às veredas do fim de abril

Menina que, doce ouvir-te,
Sonhavas, cantavas, dizias
Sorriso grande poesia
Harmonia
Sorrir-te

Moça que, doce amar-te,
Cantas às veredas da vida
Aos mares de tua partida
Declamas paixão
Proibida

Moça que, doce lembrar-te,
Sonharas às canções da manhã
E mil pensares de uma noite vã
Fizeram-se da bela
Arte.

Inusitado

O amor não direi da palavra dos homens
Que esta nada vai dizer
Mas direi da própria Essência,
E o que me traz a este viver.

Uma tarde, um sorriso que os segundos levam
Noite, lembranças de uma mente cansada
Se esta graça os teus olhos trazem
Alegria até o fim da estrada
Direi do fim que não haverá
Direi do amor que de nós se faça.

Fugaz não sejas

Vida somos, e vivemos!
Somos simplicidade, somos simples
Somos amor e somos da vida amantes
Somos a arte artista, o erro errante.

És de cada olhar a poesia, de cada tempo o instante,
Vida que constroem os dias
Os nossos dias de poesia errante.

Outono

Vê que tínhamos verão em brasas
Canta, que o Outono nos veio e nos inspira a cantar.

O Outono nos veio e dá gargalhadas de tudo
O Outono tá saindo correndo

Outono danado!

Primavera

A vida, se vier
  do beijo teu
tarde virá.

Saudosos nossos cantos
  ao fluir do repousar
Eternos campos beiram
  a utopia do olhar
E o teu corpo amargo
  nem tão cedo meu será.

Quem sabe noutros campos
  ao sorrir dos nossos cantos
noutros dias encontramos
  o que não se pode achar.

Foz da alma, se fosses minha
  não haveria de acabar.
Ao meu lado, quem serias?

Foz da alma, clama única
  tua união que me deságua,
faz-se brasas e se esvai.

Desfim

Fazia frio
Desencontrei-me...
Cada batida do miocárdio
Era explosão!
Inspiravas tu
E eras tudo...
que ao desfim
Amei.

E os lindos traços da manhã
Foram-se como um trem.
A noite veio lenta e muda...
Pelos arredores da estação
Ônibus e carros passavam.

Vinha encontrar-me o vento
Úmido, e tão frio...
Era eu o fogo
E oscilava.

Fingia esquecer teu respirar
Fingia esquecer a tua voz
E o teu rosto, e o teu corpo
E a tua boca...
vinha encontrar-me
O frio vento
em teus
cabelos.

À Poesia da Vida

Simples como as flores
Complexo como as flores
Cor, que se cheire e sinta o sabor
Se vejo a dor e o vento
Sofrimento
Cor
Pássaros, arranha-céus
Mundo.